Repensar o papel da curadoria e o modo como as obras e os artistas se relacionam no processo de construção de uma exposição é um impulso, um desejo transformador, do curso Sem Título que inclui esta exposição coletiva Tudo Deve Mudar.

Tradicionalmente, a curadoria guarda o papel de estabelecer conexões entre artistas e suas obras. Neste formato, embora as obras cresçam por estarem lado a lado, fenômeno que ocorre precisamente na convivência e na proximidade de outras criações, os artistas em si permanecem isolados em suas próprias práticas e processos. 

Aqui invertemos essa dinâmica. Tudo Deve Mudar é o resultado de uma proposta inovadora, parte do curso Sem Título, que promove 12 encontros presenciais com um único foco: a própria exposição, ocupando o lugar difícil de vácuo, um não saber, quando o curso se inicia. Entre artistas participantes, artistas convidades e experientes que já navegaram por inúmeras exposições coletivas, somados a uma facilitadora que valoriza a intuição e a quebra de regras, damos andamento à eterna busca de novos formatos que privilegiam e ampliam a horizontalidade, a interação, a colaboração e a experimentação.

Criamos um ambiente para propiciar o contato, a contaminação mútua e a troca genuína de ideias. As experiências compartilhadas entre artistas resultaram em um plural intercâmbio de reflexões e práticas, abrindo espaço para riscos inéditos. Em tempos que clamam por fortalecimento de agentes independentes, essa sinergia se revela não apenas enriquecedora, mas essencial para um futuro do sistema da arte mais revigorante e aberto.

Celebramos e compartilhamos o resultado dessa convivência, na qual cada obra não apenas se destaca individualmente, mas também faz parte do mesmo todo que as demais, revelando um potencial coletivo que amplia e acolhe um novo entendimento da Arte Contemporânea. Tudo Deve Mudar acena uma nova ordem possível convidando-nos a explorar o que consideramos necessário e essencial, afinal, o sistema construímos nós.